O Bom e Sagrado Caminho Vermelho

Em nossa caminhada, levando a cura através da medicina da Arte Xamânica a muitos irmãos e irmãs, recebemos inúmeras bênçãos, sejam por palavras, gestos, sorrisos, alegrias, descobertas e a amizade que vamos fortalecendo com cada um que vem compartilhar conosco esta sagrada medicina.

Assim, através da beleza da entrega e do amor incondicional, o Grande Espírito coloca em nosso caminho as bênçãos de receber e compartilhar informações verdadeiras e embasadas no profundo conhecimento das culturas ancestrais espalhadas pelo mundo e pelo tempo, que compartilhamos com todos aqui neste espaço sagrado, por saber que o "Tempo das Nuvens Negras" chegou ao fim e a luz da informação e do conhecimento nativo verdadeiro deve ser transmitido com urgência a todos os buscadores da luz.

Como diz Hotashugmanitu Tanka: "estamos aqui para semear e compartilhar, fazendo brilhar a Roda do Arco Íris neste início do Tempo do Búfalo Branco, trazendo a consciência da totalidade, a paz e a serenidade para os irmãos de todas as cores".

Que assim seja!

Marcelo Caiuã e Bianca Martins


O Aro da Nação Vermelha foi quebrado e espalhado


“Sou agora um obscuro membro de uma Nação que outrora honrou e respeitou as minhas opiniões. O caminho para a glória é duro e muitas horas sombrias obscurecem-no. Que o Grande Espírito os ilumine e que vocês nunca experimentem a huminlhação a que o poder do governo americano me reduziu. Eis o desejo daquele que, nas florestas onde nasceu, foi outrora tão orgulhoso e audaz quanto vocês.”

Chief Black Hawk (Falcão Negro – Chefe Sauk e Fox)

“Eu estava então de pé sobre a montanha mais alta de todas, e, por debaixo de mim, em meu redor, estava todo o aro do mundo. E enquanto ali estava, vi mais do que posso expressar. Porque via de maneira sagrada, a forma de todas as coisas no espírito, e a forma de todas as formas tal como devem viver juntas como um só ser. E vi que o aro sagrado do meu povo era um de muitos aros que formavam um círculo, amplo como a luz do dia e o resplendor das estrelas, e que no centro crescia uma imensa árvore florida que abrigava todos os filhos de uma Mãe e um Pai. E vi que era sagrado.

Tudo o que o Poder do Universo faz, o faz em forma de círculo. O céu é circular e ouvi dizer que a Terra é redonda como uma bola e que também as estrelas são redondas. O vento, na sua força máxima, forma um redemoinho. Os pássaros fazem os seus ninhos em forma de círculo, pois têm a mesma religião que nós. O sol sai e se põe em círculo, como a lua, e ambos são redondos. Até as estações formam um círculo enorme na sua mutação e voltam sempre para onde estiveram. A vida de um homem é um círculo de infância a infância e o mesmo ocorre com todas as coisas onde o Poder reside.

As nossas tipis eram redondas como ninhos de pássaro e dispunham-se sempre em círculo, o Aro da Nação, ninho de múltiplos ninhos, no qual o Grande Espírito desejava que nós chocássemos os nossos filhos. Os wasichus (homens brancos) puseram-nos nestas casas quadradas. O nosso poder foi-se e estamos a morrer, porque o Poder já não está em nós. Vocês podem olhar para nossos rapazes e ver o que nos está a suceder.

Quando vivíamos sob o Poder do Círculo na forma de vida, os rapazes tornavam-se homens ao doze ou treze anos. Mas agora, precisam de muito mais anos para amadurecer. Bem, é como é. Somos prisioneiros de guerra enquanto aguardamos aqui. Mas existe um outro mundo. Não sabia então quantos morreram em Woundedknee (falando do massacre aos Cheyennes do Sul, liderados pelo Grande Chefe Chalera Petra).

Quando olho para trás, agora, a partir desta alta colina da minha velhice, ainda posso ver as mulheres esquartejadas e as crianças jazendo empilhadas e espalhadas ao longo da curva da enchurrada, tão claramente como as vi com olhos ainda jovens. E posso ver que uma outra coisa morreu lá na lama ensangüentada, e foi enterrada na neve. O sonho de um povo morreu lá. Era um belo sonho... Vêem-me agora, um velho lamentável que nada pode fazer, pois o Aro da Nação foi quebrado e espalhado. Já não há Centro e a Árvore Sagrada morreu.”

Chief Hehaka Sapa - Oglala Siox (1863-1950)