O Bom e Sagrado Caminho Vermelho

Em nossa caminhada, levando a cura através da medicina da Arte Xamânica a muitos irmãos e irmãs, recebemos inúmeras bênçãos, sejam por palavras, gestos, sorrisos, alegrias, descobertas e a amizade que vamos fortalecendo com cada um que vem compartilhar conosco esta sagrada medicina.

Assim, através da beleza da entrega e do amor incondicional, o Grande Espírito coloca em nosso caminho as bênçãos de receber e compartilhar informações verdadeiras e embasadas no profundo conhecimento das culturas ancestrais espalhadas pelo mundo e pelo tempo, que compartilhamos com todos aqui neste espaço sagrado, por saber que o "Tempo das Nuvens Negras" chegou ao fim e a luz da informação e do conhecimento nativo verdadeiro deve ser transmitido com urgência a todos os buscadores da luz.

Como diz Hotashugmanitu Tanka: "estamos aqui para semear e compartilhar, fazendo brilhar a Roda do Arco Íris neste início do Tempo do Búfalo Branco, trazendo a consciência da totalidade, a paz e a serenidade para os irmãos de todas as cores".

Que assim seja!

Marcelo Caiuã e Bianca Martins


A Teia Prateada dos Sonhos


 
Um Sonhador é alguém que pode focalizar sua intenção pessoal enquanto dorme. Em seus sonhos, estas pessoas alcançam os mundos invisíveis da energia para obter informação, interpretar as metáforas dos sonhos e usar a informação na vida física.

Teia dos Sonhos é o nome que os nativos americanos usam para descrever o mundo invisível do espírito, pensamento, emoção e energia intangível, que é parte de nossa realidade física. O denominador comum que une estes dois mundos – das energias físicas e das energias intangíveis – é constituído de uma rede de linhas de energia que opera como uma onda de rádio, ou uma freqüência, sem forma visível. Para conseguir acessar o mundo invisível da Teia dos Sonhos precisamos entrar em Tiyoweh, o silêncio, e ultrapassar a tagarelice incessante da mente humana, chegando ao silêncio infinito e majestoso. Da mesma forma que podemos sintonizar o botão do rádio em nossa estação favorita, precisamos acalmar nossos pensamentos e sentimentos pessoais para conseguirmos sintonizar esta frequência serena, alcançando a consciência universal e majestosa do Grande Mistério. Só então é possível receber as mensagens que são compreendidas por nossas Essências Espirituais. Todas as pessoas dormem, por isso qualquer um pode aprender a contatar a Teia dos Sonhos, porque quando o corpo físico está descansando, a mente cessa sua tagarelice.

Quando o corpo físico dorme, o corpo de sonhos desperta. O corpo de sonhos é uma duplicata energética de nós mesmos, a antena de nossa Essência Espiritual. Como ser humano, você é uma consciência imortal e espiritual que, por acaso, tem um corpo físico. Esta Essência Espiritual se reconecta diariamente aos mundos invisíveis, porque na Teia dos Sonhos todos os níveis de consciência deste universo estão interligados. Esta parte brilhante e luminosa de nós mesmos desliza para outras realidades, os mundos invisíveis dos pensamentos e sentimentos, que são meramente a contraparte não-física de tudo o que percebemos como sendo concreto durante as horas de vigília.

Ao dormir, acessamos a Teia dos Sonhos através de nossas experiências pessoais. Isto é algo que fazemos naturalmente; nossos sonhos refletem todos os pensamentos, os sentimentos, os medos, as aspirações, o potencial criativo, as idéias não-expressas e a força vital que passam por nós durante a vida cotidiana. Com intenção direcionada e treinamento adequado podemos ir além do pessoal, para as partes universais da Teia dos Sonhos. À medida que exploramos cada um dos sete caminhos de iniciação, nós nos abrimos para áreas dos mundos invisíveis do espírito que vão muito além de nossa habitual visão de túnel.

Alguns dos grandes desafios na exploração da Teia dos Sonhos estão no quinto e sexto caminhos, onde aprendemos a chegar aos mundos invisíveis pela força de nossa própria vontade. Aprendemos a manobrar nos diversos mundos da consciência tão facilmente como se estivéssemos andando pela rua. Aprendemos a localizar qualquer nível de percepção que desejarmos e a usar de forma consciente a força vital que temos à nossa disposição. Alguns podem achar essas habilidades fantásticas ou inacreditáveis, ou mesmo assustadoras e não desejáveis, mas ninguém é forçado a seguir um caminho de iniciação. Mesmo as pessoas que querem desenvolver as habilidades dos últimos três caminhos percebem que o trabalho exige mais energia e determinação do que a maioria dos seres humanos está disposta a empregar.

Imagine um mapa rodoviário, ou um diagrama elétrico, com linhas de energia conectando todas as coisas; assim é a Teia dos Sonhos. As cores e as texturas das linhas de energia que seu cruzam são diferentes segundo o indivíduo que as vê, porque cada pessoa possui uma perspectiva diferente da vida. Durante séculos, nossos Sonhadores e Videntes nativos americanos têm tido consciência desta rede de energia, que conecta toda a matéria, a energia, o espaço e o tempo. Os físicos chamam as partículas elementares, ou a energia que conecta os átomos, de gluons (alusão à cola, em inglês glue). Os Videntes do Sul vêem estas por lacunas elementares formando uma rede de energia que conecta os mundos visível e invisível do nosso universo. Os antigos dizem que a grande Mãe Aranha teceu a rede do universo, ligando toda a criatividade e a vida, e instalando o princípio criativo do Grande Mistério em todas as coisas. Os ancestrais nativo americanos, que eram Videntes e Sonhadores, perceberam que a Grande Mãe Aranha tecia a rede do universo para nos mostrar a inter-relação de todas as coisas. Os Videntes do Sul percebem a rede de energia como feita de Espírito, ou força vital divina. Começamos a ver e sentir a rede de energia do universo quando curamos nossos medos e libertamos as antigas feridas, rasgando os véus de separação criados pela forma como víamos o mundo anteriormente.

A Teia dos Sonhos é criada por um fluxo divino de consciência e de força vital, e também pelas coisas não físicas que os seres humanos criam, como sentimentos, pensamentos, inspiração, opiniões, julgamentos, imaginação, sonhos, aspirações, intenções e criatividade pura. Todos estes elementos contêm energia, mas nós não os vemos como objetos físicos. Percebemos estes elementos apenas quando os experimentamos em nós mesmos; só então se tornam reais para nós. Poucos dentre nós, entretanto, entendem que as energias invisíveis criadas pelos seres humanos criam redes mentais, emocionais e espirituais de força vital, que interagem e influenciam toda a dimensão física.

A Teia dos Sonhos é a rede de todas as energias criativas humanas que interage com a força vital contida em cada átomo da Criação e abrange todas as coisas do nosso universo. Antes que esta rede de energia assuma características ou forma física, ela é criada por nossos sentimentos, pensamentos e pontos de vista, que estão repletos de energia. Cada vez que agimos, ou reagimos a algo que acontece em nossas vidas, um pensamento, sentimento, ponto de vista ou julgamento está presente. Estes pensamentos possuem força vital própria e influenciam diretamente a forma como vivemos. Quando mudamos nossa forma de pensar, sentir, ou as opiniões que temos, nossa experiência de vida também se modifica. A Teia dos Sonhos reage às mudanças que fazemos em nós mesmos e nos oferece novas oportunidades a cada vez que abrimos a percepção para novas possibilidades, alterando os hábitos que nos mantinham presos a rotinas fechadas.

Para se atingir qualquer meta na vida, é preciso ter energia, mas poucas pessoas compreendem que desperdiçam energia cada vez que se preocupam, que geram pensamentos negativos, ou tagarelam inutilmente. As pessoas não perceberam ainda que podem mover essa energia ou apanhá-la, quando necessitam, da Mãe Terra, do Criador e do Universo. Cada objeto físico contém energia. Até os pensamentos e sentimentos invisíveis contêm energia, na forma de emoção. Nós aprendemos a seguir os caminhos de transformação à medida que aprendemos a usar a energia para o bem ou para o mal, através das escolhas pessoais. Precisamos redirecionar nossa energia de forma positiva, para que ela nos leve além dos comportamentos estagnados e opacos, que drenam preciosas reservas de energia, e nos elevem a novos e transformadores níveis de experiência de vida. Para descobrir e usar adequadamente a força vital universal, ou energia, precisamos entender como a Teia dos Sonhos funciona.

A maioria das pessoas não percebe que está sempre dirigindo seus pensamentos e sentimentos para o resto do mundo. Quando uma pessoa está passando raiva ou negatividade, esta raiva é sentida pelos outros, mesmo não sendo uma coisa física. Se esta pessoa estiver enviando inveja, ciúmes ou raiva para os outros, o efeito pode ser tão forte quanto dar um soco no estômago de alguém. Como se vê na Teia dos Sonhos, a energia negativa destas emoções implode naquele que as envia, penetrando também no Espaço Sagrado, ou campo energético, do destinatário. Os resultados são os mesmos nos mundos visível e invisível. Da mesma maneira que as imagens de um noticiário com cenas de desastre ou histórias de violência podem invadir os nossos sentidos e diminuir nossa sensação de bem-estar, a má intenção ou os pensamentos carregados podem fazer alguém experimentar perda de vitalidade, de energia, de senso de propósito, ou de habilidade para lidar com a vida.

Apesar de termos consciência daquilo que pensamos e sentimos sobre determinados assuntos, geralmente não sabemos que nossas opiniões criam padrões que nos envolvem e interferem em nossas experiências de vida. Nós carregamos cestas com fardos invisíveis, criados pelas nossas limitações, nossos pensamentos negativos, nossas feridas emocionais. Algumas vezes, através do sonho, podemos desenrolar estes padrões de medo, ou os fios de nossas limitações. Muitas pessoas acham que não conseguem se lembrar dos sonhos. Estas pessoas não têm memória da criação subconsciente, ou do processo de desenredamento, mas ele está ocorrendo da mesma maneira. Nós habitualmente resolvemos muitos problemas durante o sono.

As decisões que tomamos em nossas vidas cotidianas são diretamente influenciadas pelas opções feitas durante o sono e o sonho. Algo que nos preocupou muito na noite anterior pode parecer fácil de resolver pela manhã. Depois de um dia difícil, se nós decidirmos conscientemente desistir de ter a última palavra, talvez na manhã seguinte fique claro para nós que podemos encontrar uma forma de acordo, e que não é preciso continuar discutindo. Por meio de uma decisão consciente, nós alteramos a Teia dos Sonhos, ao reconfigurarmos nossas intenções.

Cada vez que eliminamos uma idéia fixa, criada por causa do medo do desconhecido, rompemos uma barreira de energia represada. Nossas idéias preconcebidas e falsas, e nossa resistência à mudança, são neste momento libertadas. Quando vencemos qualquer limitação auto-imposta, experimentamos uma profunda sensação de alívio, acompanhada por uma grande quantidade de força vital nova. Ao resistirmos a certas emoções, gastamos enormes quantidades de energia que restringem o fluxo da força vital, criando mais uma represa a impedir o nosso crescimento potencial. Como sentimentos e pensamentos são intangíveis, eles se situam na Teia dos Sonhos, além de nossa visão normal. Podemos não ver os falsos conceitos desaparecendo quando os eliminamos, mas sentimos seus resultados quando as comportas de força vital se abrem e a energia volta a circular em nosso corpo.

Até que a vida nos desperte, não costumamos ter consciência dos padrões que tecemos nos mundos invisíveis, nem dos estados de consciência que encontramos ao sonhar. A maioria de nós não vê a conexão entre os pensamentos e comportamento pessoais e a forma como os outros reagem a nós. Mas o fato é que os seres humanos são um somatório energético de tudo o que sonham, imaginam, pensam, percebem e sentem, a qualquer dado momento. A imagem interna que formamos , aquilo que pensamos que somos, afeta e determina diretamente como percebemos o mundo, e também nossas experiências pessoais.

Jamie Sams – Dançando O Sonho

Vivenciando a consciência pura


Presença é o mesmo que Ser?

Quando tomamos consciência do Ser, o que de fato acontece é que o Ser se torna consciente de si mesmo. Quando o Ser toma consciência de si mesmo, isso é presença. Como o Ser, a consciência e a vida são sinônimos, podemos dizer que a presença significa a consciência se tornando consciente de si mesma, ou a vida tomando consciência de si mesma. Mas não se apegue às palavras e não se esforce para entendê-las. Não há nada que você precise entender antes de conseguir se tornar presente.

Compreendo o que você acabou de dizer, mas isso parece implicar que o Ser, a realidade transcendental definitiva, ainda não está completo e que está passando por um processo de desenvolvimento. Será que Deus precisa de tempo para um crescimento pessoal?

Sim, mas somente se visto da perspectiva limitada do universo manifesto. Na Bíblia, Deus declara: “Eu sou o Alfa e o Omega, eu sou Aquele que está vivo”. No reino eterno em que Deus habita, que também é a nossa casa, o começo e o fim, o Alfa e o Omega, são uma unidade, e a essência de todas as coisas que existem e existirão está eternamente presente na forma de um estado não manifesto de unidade e perfeição, totalmente além de qualquer coisa que a mente humana possa vir a imaginar ou compreender. Entretanto, em nosso mundo de formas aparentemente separadas, a perfeição eterna é um conceito muito difícil de imaginarmos. Aqui, até mesmo a consciência, que é a luz emanando da Fonte eterna, parece estar sujeita a um processo de desenvolvimento, mas isso se deve à nossa percepção limitada. Não é isso o que acontece em termos absolutos. Ainda assim, vou continuar a falar por um momento a respeito da evolução da consciência em nosso mundo.

Todas as coisas que existem têm um Ser, têm uma essência divina, têm algum grau de consciência. Até mesmo uma pedra tem uma consciência rudimentar, do contrário não existiria e seus átomos e moléculas se dispersariam. Tudo está vivo. O sol, a terra, as plantas, os animais, as pessoas, todos são expressões da consciência em níveis variáveis, a consciência se manifestando como forma.

O universo desponta quando a consciência toma um corpo e uma forma, formas abstratas e formas materiais. Olhe para os milhões de formas de vida só neste planeta. No mar, na terra, no ar e, em seguida, como cada forma de vida se reproduz milhões de vezes. Com que propósito? Será que alguma coisa, ou alguém, está jogando um jogo com a forma? É isso o que os antigos profetas da Índia se perguntavam. Viam o mundo como lila, uma espécie de jogo divino jogado por Deus. As formas de vida individuais não são obviamente muito importantes nesse jogo. No mar, a maioria das formas de vida não sobrevive por mais de alguns minutos depois de ter nascido. A forma humana também vira pó bem rapidamente e, quando ela se vai, é como se nunca tivesse acontecido. Isso é trágico ou cruel? Só se criarmos uma identidade separada para cada forma e esquecermos que a consciência de cada uma é a expressão da essência divina através forma. Mas você não sabe de verdade essas coisas até que vivencia a sua própria essência divina como pura consciência.

Se um peixe nasce no seu aquário e você lhe dá o nome de John, escreve uma certidão de nascimento, conta-lhe a história da família dele e, dois minutos depois, o vê sendo engolido por um outro peixe, isso é trágico. Mas só é trágico porque você projetou um eu interior separado onde não havia nenhum. Você se apoderou de uma fração de um processo dinâmico, uma dança molecular, e fez dela uma entidade separada.

A consciência assume formas tão complexas para se disfarçar que acaba se perdendo completamente nelas. Nos dias atuais, a consciência está totalmente identificada com seu disfarce. Só se conhece como forma e assim vive com medo da destruição da sua forma física ou psicológica. Essa é a mente egoica, e é aqui que surge uma grave disfunção. Agora parece que alguma coisa deu errado em algum ponto ao longo da linha da evolução. Mas mesmo isso é parte da lila, o jogo divino. Por fim, a pressão do sofrimento criada por essa aparente disfunção obriga a consciência a se desidentificar da forma e a faz despertar do sonho da forma. Ela recobra sua autopercepção, mas num nível muito mais profundo do que quando a perdeu.

Esse processo é explicado por Jesus na parábola do filho pródigo, que deixa a casa paterna, esbanja a sua fortuna, vira um mendigo e então é forçado por suas provações a voltar para casa. Ao chegar, seu pai o ama mais do que antes. O estado do filho é o mesmo que anteriormente, ainda que não o mesmo. Tem agora uma dimensão adicional de profundidade. A parábola descreve uma trajetória a partir de uma perfeição inconsciente, passa por uma aparente imperfeição e “demonismo”, até chegar a uma perfeição consciente.

Você consegue perceber agora a profundidade e a grandeza de se tornar presente como o observador da sua mente? Sempre que observamos a mente, livramos a consciência das formas da mente, criando aquilo que chamamos o observador ou a testemunha. Consequentemente, o observador – que é a pura consciência além da forma – se torna mais forte, e as formações mentais se tornam mais fracas. Quando falamos sobre observar a mente, estamos personalizando um fato de verdadeiro significado cósmico porque, através de você, a consciência está despertando do seu sonho de identificação com a forma e se retirando da forma. Isso é o prenúncio – e também parte – de um acontecimento que provavelmente ainda está num futuro distante, no que diz respeito ao tempo cronológico. Esse acontecimento é conhecido como o fim do mundo.

Quando a consciência se liberta da sua identificação com as formas física e mental, torna-se o que podemos chamar de consciência pura ou iluminada, ou presença. Isso já aconteceu com alguns indivíduos e parece que está destinado a acontecer em breve em uma escala muito maior, embora não haja garantia absoluta que vá acontecer. Muitos seres humanos ainda estão identificados com a mente e são governados por ela. Se não se libertarem a tempo, serão destruídos por ela. Vão se ver envolvidos em confusões cada vez maiores, conflitos, violência, doenças, desespero, loucura. A mente se transformou em um navio que naufraga. Se você não pular, vai naufragar com ele. A mente egoica coletiva é a entidade mais perigosamente insana e destruidora que jamais habitou nosso planeta. O que você acha que acontecerá ao planeta se a consciência humana não se modificar?

Para a maioria dos seres humanos, a única maneira de descansar a mente é ocasionalmente reverter a um nível de consciência abaixo do pensamento. As pessoas fazem isso todas as noites, durante o sono. Mas, até certo ponto, isso também acontece através do sexo, da bebida e de outras drogas que suprimem a atividade excessiva da mente. Se não fosse pela bebida, por tranqüilizantes e antidepressivos, bem como pelas drogas ilegais, todas consumidas em grandes quantidades, a insanidade das mentes humanas seria até mais óbvia do que já é. Acredito que, impedida de usar drogas, uma grande parte da população se transformaria num perigo para ela mesma e para os outros. Essas drogas mantêm as pessoas paralisadas dentro da disfunção. Sua ampla utilização apenas retarda a ruptura das velhas estruturas mentais e o aparecimento de uma consciência superior. Enquanto os usuários individuais puderem obter algum alívio da tortura diária a eles infligi da por suas próprias mentes, estarão sendo impedidos de gerar uma presença consciente o bastante para se elevarem sobre o pensamento e assim encontrarem a verdadeira libertação.

Retomar a um nível de consciência abaixo da mente, que é o nível pré-pensamento dos nossos ancestrais distantes e também dos animais e das plantas, não é uma opção válida para nós. Não há como retomar. Se a raça humana tiver de sobreviver, terá de passar para o estágio seguinte. A consciência está se desenvolvendo por todo o universo através de bilhões de formas. Portanto, mesmo se não conseguirmos, não terá a menor importância numa escala cósmica. Nunca se perde um avanço na consciência cósmica, ele simplesmente vai se expressar através de uma outra forma. Mas o simples fato de eu estar falando aqui e de você estar me ouvindo, ou lendo, é um sinal claro que uma nova consciência está ganhando espaço no planeta.

Não há nada de pessoal nisso: não estou ensinando nada a você. Você está consciente e está prestando atenção. Há um ditado oriental que diz: “O mestre e o ensinamento juntos criam o ensino”. Em qualquer caso, as palavras em si não são importantes. Elas não são a Verdade, só apontam para ela. Falo num momento de presença e, enquanto falo, você pode querer se juntar a mim nesse estado. Embora cada palavra que eu empregue tenha uma história, e, é claro, venha do passado, assim como todas as línguas, as palavras deste momento são condutoras de uma alta frequência de energia de presença, bem diferente do significado que elas transmitem como simples palavras.

O silêncio é um condutor até mais potente de presença, portanto, quando você ler estas palavras ou me ouvir dizê-las, perceba o silêncio entre e sob as palavras. Perceba os espaços. Ouvir o silêncio, onde quer que você esteja, é um caminho fácil e direto de tornar-se presente. Mesmo quando há barulho, há sempre um pouco de silêncio sob e entre os sons. Ouvir o silêncio cria imediatamente uma serenidade dentro de nós. Só a serenidade dentro de nós percebe o silêncio lá fora. E o que é serenidade senão a presença, a consciência livre das formas de pensamento? Eis aqui a realização exata do que venho falando.

O PODER DO AGORA
UM GUIA PARA A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL
Eckhart Tolle

A Teia Prateada dos Sonhos


                                                 
Um Sonhador é alguém que pode focalizar sua intenção pessoal enquanto dorme. Em seus sonhos, estas pessoas alcançam os mundos invisíveis da energia para obter informação, interpretar as metáforas dos sonhos e usar a informação na vida física.

Teia dos Sonhos é o nome que os nativos americanos usam para descrever o mundo invisível do espírito, pensamento, emoção e energia intangível, que é parte de nossa realidade física. O denominador comum que une estes dois mundos – das energias físicas e das energias intangíveis – é constituído de uma rede de linhas de energia que opera como uma onda de rádio, ou uma freqüência, sem forma visível. Para conseguir acessar o mundo invisível da Teia dos Sonhos precisamos entrar em Tiyoweh, o silêncio, e ultrapassar a tagarelice incessante da mente humana, chegando ao silêncio infinito e majestoso. Da mesma forma que podemos sintonizar o botão do rádio em nossa estação favorita, precisamos acalmar nossos pensamentos e sentimentos pessoais para conseguirmos sintonizar esta frequência serena, alcançando a consciência universal e majestosa do Grande Mistério. Só então é possível receber as mensagens que são compreendidas por nossas Essências Espirituais. Todas as pessoas dormem, por isso qualquer um pode aprender a contatar a Teia dos Sonhos, porque quando o corpo físico está descansando, a mente cessa sua tagarelice.

Quando o corpo físico dorme, o corpo de sonhos desperta. O corpo de sonhos é uma duplicata energética de nós mesmos, a antena de nossa Essência Espiritual. Como ser humano, você é uma consciência imortal e espiritual que, por acaso, tem um corpo físico. Esta Essência Espiritual se reconecta diariamente aos mundos invisíveis, porque na Teia dos Sonhos todos os níveis de consciência deste universo estão interligados. Esta parte brilhante e luminosa de nós mesmos desliza para outras realidades, os mundos invisíveis dos pensamentos e sentimentos, que são meramente a contraparte não-física de tudo o que percebemos como sendo concreto durante as horas de vigília.

Ao dormir, acessamos a Teia dos Sonhos através de nossas experiências pessoais. Isto é algo que fazemos naturalmente; nossos sonhos refletem todos os pensamentos, os sentimentos, os medos, as aspirações, o potencial criativo, as idéias não-expressas e a força vital que passam por nós durante a vida cotidiana. Com intenção direcionada e treinamento adequado podemos ir além do pessoal, para as partes universais da Teia dos Sonhos. À medida que exploramos cada um dos sete caminhos de iniciação, nós nos abrimos para áreas dos mundos invisíveis do espírito que vão muito além de nossa habitual visão de túnel.

Alguns dos grandes desafios na exploração da Teia dos Sonhos estão no quinto e sexto caminhos, onde aprendemos a chegar aos mundos invisíveis pela força de nossa própria vontade. Aprendemos a manobrar nos diversos mundos da consciência tão facilmente como se estivéssemos andando pela rua. Aprendemos a localizar qualquer nível de percepção que desejarmos e a usar de forma consciente a força vital que temos à nossa disposição. Alguns podem achar essas habilidades fantásticas ou inacreditáveis, ou mesmo assustadoras e não desejáveis, mas ninguém é forçado a seguir um caminho de iniciação. Mesmo as pessoas que querem desenvolver as habilidades dos últimos três caminhos percebem que o trabalho exige mais energia e determinação do que a maioria dos seres humanos está disposta a empregar.

Imagine um mapa rodoviário, ou um diagrama elétrico, com linhas de energia conectando todas as coisas; assim é a Teia dos Sonhos. As cores e as texturas das linhas de energia que seu cruzam são diferentes segundo o indivíduo que as vê, porque cada pessoa possui uma perspectiva diferente da vida. Durante séculos, nossos Sonhadores e Videntes nativos americanos têm tido consciência desta rede de energia, que conecta toda a matéria, a energia, o espaço e o tempo. Os físicos chamam as partículas elementares, ou a energia que conecta os átomos, de gluons (alusão à cola, em inglês glue). Os Videntes do Sul vêem estas por lacunas elementares formando uma rede de energia que conecta os mundos visível e invisível do nosso universo. Os antigos dizem que a grande Mãe Aranha teceu a rede do universo, ligando toda a criatividade e a vida, e instalando o princípio criativo do Grande Mistério em todas as coisas. Os ancestrais nativo americanos, que eram Videntes e Sonhadores, perceberam que a Grande Mãe Aranha tecia a rede do universo para nos mostrar a inter-relação de todas as coisas. Os Videntes do Sul percebem a rede de energia como feita de Espírito, ou força vital divina. Começamos a ver e sentir a rede de energia do universo quando curamos nossos medos e libertamos as antigas feridas, rasgando os véus de separação criados pela forma como víamos o mundo anteriormente.

A Teia dos Sonhos é criada por um fluxo divino de consciência e de força vital, e também pelas coisas não físicas que os seres humanos criam, como sentimentos, pensamentos, inspiração, opiniões, julgamentos, imaginação, sonhos, aspirações, intenções e criatividade pura. Todos estes elementos contêm energia, mas nós não os vemos como objetos físicos. Percebemos estes elementos apenas quando os experimentamos em nós mesmos; só então se tornam reais para nós. Poucos dentre nós, entretanto, entendem que as energias invisíveis criadas pelos seres humanos criam redes mentais, emocionais e espirituais de força vital, que interagem e influenciam toda a dimensão física.

A Teia dos Sonhos é a rede de todas as energias criativas humanas que interage com a força vital contida em cada átomo da Criação e abrange todas as coisas do nosso universo. Antes que esta rede de energia assuma características ou forma física, ela é criada por nossos sentimentos, pensamentos e pontos de vista, que estão repletos de energia. Cada vez que agimos, ou reagimos a algo que acontece em nossas vidas, um pensamento, sentimento, ponto de vista ou julgamento está presente. Estes pensamentos possuem força vital própria e influenciam diretamente a forma como vivemos. Quando mudamos nossa forma de pensar, sentir, ou as opiniões que temos, nossa experiência de vida também se modifica. A Teia dos Sonhos reage às mudanças que fazemos em nós mesmos e nos oferece novas oportunidades a cada vez que abrimos a percepção para novas possibilidades, alterando os hábitos que nos mantinham presos a rotinas fechadas.

Para se atingir qualquer meta na vida, é preciso ter energia, mas poucas pessoas compreendem que desperdiçam energia cada vez que se preocupam, que geram pensamentos negativos, ou tagarelam inutilmente. As pessoas não perceberam ainda que podem mover essa energia ou apanhá-la, quando necessitam, da Mãe Terra, do Criador e do Universo. Cada objeto físico contém energia. Até os pensamentos e sentimentos invisíveis contêm energia, na forma de emoção. Nós aprendemos a seguir os caminhos de transformação à medida que aprendemos a usar a energia para o bem ou para o mal, através das escolhas pessoais. Precisamos redirecionar nossa energia de forma positiva, para que ela nos leve além dos comportamentos estagnados e opacos, que drenam preciosas reservas de energia, e nos elevem a novos e transformadores níveis de experiência de vida. Para descobrir e usar adequadamente a força vital universal, ou energia, precisamos entender como a Teia dos Sonhos funciona.

A maioria das pessoas não percebe que está sempre dirigindo seus pensamentos e sentimentos para o resto do mundo. Quando uma pessoa está passando raiva ou negatividade, esta raiva é sentida pelos outros, mesmo não sendo uma coisa física. Se esta pessoa estiver enviando inveja, ciúmes ou raiva para os outros, o efeito pode ser tão forte quanto dar um soco no estômago de alguém. Como se vê na Teia dos Sonhos, a energia negativa destas emoções implode naquele que as envia, penetrando também no Espaço Sagrado, ou campo energético, do destinatário. Os resultados são os mesmos nos mundos visível e invisível. Da mesma maneira que as imagens de um noticiário com cenas de desastre ou histórias de violência podem invadir os nossos sentidos e diminuir nossa sensação de bem-estar, a má intenção ou os pensamentos carregados podem fazer alguém experimentar perda de vitalidade, de energia, de senso de propósito, ou de habilidade para lidar com a vida.

Apesar de termos consciência daquilo que pensamos e sentimos sobre determinados assuntos, geralmente não sabemos que nossas opiniões criam padrões que nos envolvem e interferem em nossas experiências de vida. Nós carregamos cestas com fardos invisíveis, criados pelas nossas limitações, nossos pensamentos negativos, nossas feridas emocionais. Algumas vezes, através do sonho, podemos desenrolar estes padrões de medo, ou os fios de nossas limitações. Muitas pessoas acham que não conseguem se lembrar dos sonhos. Estas pessoas não têm memória da criação subconsciente, ou do processo de desenredamento, mas ele está ocorrendo da mesma maneira. Nós habitualmente resolvemos muitos problemas durante o sono.

As decisões que tomamos em nossas vidas cotidianas são diretamente influenciadas pelas opções feitas durante o sono e o sonho. Algo que nos preocupou muito na noite anterior pode parecer fácil de resolver pela manhã. Depois de um dia difícil, se nós decidirmos conscientemente desistir de ter a última palavra, talvez na manhã seguinte fique claro para nós que podemos encontrar uma forma de acordo, e que não é preciso continuar discutindo. Por meio de uma decisão consciente, nós alteramos a Teia dos Sonhos, ao reconfigurarmos nossas intenções.

Cada vez que eliminamos uma idéia fixa, criada por causa do medo do desconhecido, rompemos uma barreira de energia represada. Nossas idéias preconcebidas e falsas, e nossa resistência à mudança, são neste momento libertadas. Quando vencemos qualquer limitação auto-imposta, experimentamos uma profunda sensação de alívio, acompanhada por uma grande quantidade de força vital nova. Ao resistirmos a certas emoções, gastamos enormes quantidades de energia que restringem o fluxo da força vital, criando mais uma represa a impedir o nosso crescimento potencial. Como sentimentos e pensamentos são intangíveis, eles se situam na Teia dos Sonhos, além de nossa visão normal. Podemos não ver os falsos conceitos desaparecendo quando os eliminamos, mas sentimos seus resultados quando as comportas de força vital se abrem e a energia volta a circular em nosso corpo.

Até que a vida nos desperte, não costumamos ter consciência dos padrões que tecemos nos mundos invisíveis, nem dos estados de consciência que encontramos ao sonhar. A maioria de nós não vê a conexão entre os pensamentos e comportamento pessoais e a forma como os outros reagem a nós. Mas o fato é que os seres humanos são um somatório energético de tudo o que sonham, imaginam, pensam, percebem e sentem, a qualquer dado momento. A imagem interna que formamos , aquilo que pensamos que somos, afeta e determina diretamente como percebemos o mundo, e também nossas experiências pessoais.

Jamie Sams – Dançando O Sonho

Pocahontas

Tambor modelo Cherokee Wakan Wood Artesanato Xamânico, confeccionado por Marcelo Caiuã e pintado por Bianca Teixeira Martins

                                                   
“Nós, da Nação Powhatan, discordamos das afirmações de Disney. O filme apresenta uma visão distorcida que vai muito além da história original. Nossas ofertas para ajudar a Disney em aspectos culturais e históricos foram rejeitadas. Tentamos fazer com que a Disney corrigisse os erros ideológicos e histórias do filme, mas fomos ignorados.

É triste que essa história, da qual ingleses e americanos deveriam se envergonhar, tenha se tornado um meio de entretenimento, perpetuando um mito irresponsável e falso sobre a Nação Powhatan.”

Chefe Roy Cavalo Louco

Pocahontas era uma menina da Nação Powhatan, filha do Chefe Wahunsunacock, que governava uma área que abrangia quase todas as tribos vizinhas no litoral do estado da Virgínia, região chamada pelos índios de Tenakomakah. Seu nome verdadeiro era Matoaka, sendo que Pocahontas era só um apelido de infância.

Quanto a John Smith, se tratava de um homem de meia idade, de cabelos castanhos, de barba e cabelos longos. Ele era um dos líderes dos colonos que lutavam para tomar as terras dos Powhatan, e que em 1607, foi capturado por caçadores Powhatan. Ele possívelmente seria morto, mas Pocahontas, que contava então com 11 anos de idade, interveio, conseguindo convencer o pai que a morte de John Smith só aumentaria o ódio dos colonos. Ao contrário do que dizem os romances sobre sua vida, Pocahontas e Smith nunca se apaixonaram. Smith serviu como um tutor da língua e dos costumes ingleses para Pocahontas.

Em 1609, um acidente com pólvora obrigou John Smith a ir se tratar na Inglaterra, mas o colonos disseram à Pocahontas que Smith morrera. A verdadeira história de Pocahontas tem um triste final. Em 1612, aos 17 anos, ela foi aprisonada pelos ingleses enquanto estava numa visita social e mantida na prisão de Jamestown por mais de um ano. Durante o período de captura, o inglês John Rolfe demonstrou um especial interesse pela jovem prisoneira. Como condição para Pacahontas ser libertada, ela teve de se casar com Rolfe, que era um dos mais importantes comerciantes ingleses no setor de tabaco.

Rolfe, cuja esposa e filha haviam falecido, tinha cultivado com sucesso uma nova espécie de tabaco na Vírginia e gasto muito tempo lá para a colheita. Ele era um homem muito religioso que se angustiava com as potenciais repercurssões de casar com uma “selvagem”. Em uma longa carta dirigida ao governador, pediu permissão para casar-se com Pocahontas, relatando seu amor por ela e sua crença em que ela poderia ter sua alma salva. Ele alegou “que não estava somente movido pelo desejo carnal, mas pelo bem desta plantação, pela honra de nosso país, pela Glória de Deus, pela minha própria salvação... ela se chama Pocahontas, a quem dirijo meus melhores pensamentos, e eu tenho estado por tanto tempo tão confuso e encantado por esse intrincado labirinto...” Então, Alexander Whitaker, ministro inglês, ensinou a religião cristã e aprimorou o inglês de Pocahontas e, quando este providenciou seu batismo cristão, Pocahontas escolheu o nome de Rebecca. Logo após, em 05 de abril de 1614, ela se casou com Rolfe e passaram a viver em sua plantação de tabaco, Varina Farms, que estava localizada ao lado do James River. Tiveram um único filho, Thomas Rolfe, nascido em 30 de janeiro de 1615. Esta união estabeleceu a paz entre os colonos de Jamestown e a tribo de Pocahontas.

Mas mesmo assim, os responsáveis pela Colônia de Virgínia encontravam dificuldade em atrair novos colonos para Jamestown. Com o objetivo de encontrar investidores para assumir os riscos, usaram Pocahontas como uma estratégia de marketing, tentando convencer os ingleses de que os nativos americanos poderiam ser domesticados, buscavam desse modo, salvar a colônia.

Assim, em 1616, Pocahontas e Rolfe viajaram para a Inglaterra, levando junto com eles, 11 membros da Nação Powhatan, incluindo o Xamã Tomocomo. Quando chegaram lá, eles ficaram no subúrbio e o Rei James não queria recebê-la formalmente. Por isso, Smith, que estava em Londres, ao saber disso, escreveu uma carta ao Rei contando como Pocahontas os havia salvo em Jamestown da fome, do frio e da morte, convencendo-o a recebê-la.

Em 1617, Pocahontas e John Smith se reecontraram. Smith se reencontraram. Smith escreveu em seus livros que, durante o reencontro, Pocahontas não disse uma palavra a ele, mas, quando tiveram a oportunidade de conversar sozinhos, ela declarou estar decepcionada com ele, por não ter ajudado a manter a paz entre sua tribo e os colonos.

Meses depois, Rolfe decidiu retornar à Virgínia, mas uma doença de Pocahontas (provavelmente pneumonia ou tuberculose), obrigou o navio em que estavam a voltar para a Inglaterra. Ao desembarcar ela morreu. Seu funeral ocorreu no dia 23 de março de 1607, na paróquia de São Jorge, em Gravesend. Em sua memória, foi erguida, em Gravesend, uma estátua de bronze em tamanho real.

O Chefe Powhatan morreu na primavera seguinte. Seu Povo foi dizimado e suas terras tomadas pelos colonos.

Fonte: Wikipédia

O Centro da Roda


                                                
“No princípio todas as coisas estavam na mente de Wakonda. Todas as criaturas, incluindo o homem, eram espíritos. Moviam-se no espaço entre a Terra e as Estrelas. Andavam em busca de um lugar onde pudessem tomar uma existência corporal. Ascenderam até ao Sol, mas o Sol não era adequado para viver nele. Mudaram-se para a Lua e viram que também não era boa para fazer dela a sua morada.

Então, desceram à Terra. Viram que estava coberta de água. Flutuaram pelo ar dirigindo-se para o Norte, para o Leste, para o Sul e para o Oeste e não encontraram terra seca. Sentiram-se muito penalizados.

Mas logo, da água surgiu um grande rochedo. Estalou em chamas e as águas ascenderam pelo ar, sob a forma de nuvens. Apareceu a terra seca, cresceram as ervas e as árvores. A multidão de espíritos desceu e converteu-se em seres de carne e osso. Alimentaram-se das sementes, das plantas e dos frutos das árvores. E a Terra vibrava com as suas expressões de alegria e gratidão para com Wakonda, o Criador de todas as coisas.”

(Chefe Wakidezhingan)


O Centro da Roda Medicinal, o Criador, fica sozinho. O objeto representando a força do Criador pode ser uma pedra de qualquer tipo, um crânio de Búfalo, uma drusa de cristal, ou qualquer objeto de grande significado para a pessoa que constroe a Roda. O Criador é tudo isto ou nada disto. O Criador é o começo e o fim da vida, o Grande Mistério, dentro de todas as coisas e em torno delas, a energia Universal, que muitas pessoas encaram como Deus. Em muitas línguas nativas, a palavra para o Criador, não é um substantivo, mas sim um verbo, indicando o movimento, a atividade, a pulsação, desta força sagrada e infinita.

Porque o Criador está em todas as coisas, não há totens associados nesta posição. Todos os minerais, as plantas, os animais, as cores, os humanos, os espíritos, são parte do Criador. A pedra do Criador é o lugar da Roda Medicinal que ensina você sobre as suas próprias habilidades de criar, sobre a sua fé, sobre sua própria sacralidade e sobre sua habilidade para se desenvolver até a plenitude.

Quando você estiver com medo, quando não tiver energia suficiente, quando estiver com medo de criar coisas com sua mente ou quando quiser criar coisas com a sua mente, quando sentir que não tem um profundo conhecimento do Universo, você deve ir ao Centro da Roda Medicinal e pedir pela ajuda que necessita. Quando não estiver seguro quanto aos seus valores espirituais ou quando sentir a necessidade de mudar ou quando desejar uma iniciação numa forma diferente de encarar a vida, em todas estas ocasiões, deve-se dirigir para o Centro da Roda Medicinal.

Sun Bear

Lua da Neve de 22 de novembro a 21 de dezembro - A Energia do Alce


                  
Alce...
Seus chifres almejam tocar o Sol.
Mostre-me que força e energia são,
Na verdade, uma coisa só

(Jamie Sams)

A Lua da Neve é a terceira Lua de Midjekeewis. Ela traz os presentes de Mudjekeewis, que são a introspecção e a força. As pessoas nascidas nesta Lua são por natureza, pensativas, e têm o poder da introspecção que Mudjekeewis deu-lhes de presente para ajudá-los a ter mais habilidade para olhar para dentro de si e dos outros.

Aqueles nascidos debaixo da Lua da Neve, o início do tempo em que todos os filhos da Mãe Terra se preparam para a estação da renovação, recebem mais habilidade para procurar e usar os pensamentos que fluem por eles e auxílio para manterem um laço mais forte com seus irmãos do Clã do Pássaro Trovão, neste período do ano.

O totem animal para os nascidos na Lua da Neve é o Alce, o Rei da família dos Cervos.

Seus chifres se assemelham aos galhos de uma árvore e são renovados todo ano. No verão o Alce segue em direção aos bosques, saindo só no outono e inverno. Ele só anda em rebanhos compostos de seus similares, procurando a fêmea somente no período do cio. Os Alces têm um senso de responsabilidade de um para com o outro, muito aguçado. Às vezes, parecem dançar juntos num grande círculo e às vezes todos saem galopando com imensa alegria.

Como seu totem animal, o Alce, as pessoas nascidas sob a Lua da Neve, parecem pertencer à família real. Elas têm um porte orgulhoso, com ar de majestade, quando tudo está ocorrendo maravilhosamente bem para elas. Quando elas se encontram introspectivas, são capazes de absorver muito do que elas leram, ouviram ou experenciaram na vida, sendo achadas frequentemente na posição de professores.

Elas são sedentas de justiça, tanto no conceito, como na prática, ficando impacientes quando vêem qualquer forma de injustiça. Quando encontram qualquer tipo de injustiça, elas fazem um barulhão, até que a justiça seja feita. Se aqueles a quem elas recorrem para corrigir a injustiça não se envolvem na sua causa, elas gritam ainda mais alto, envolvendo-se ao máximo, até que algo ocorra e mude a situação.

Assim como o Alce, essas pessoas nascidas na Lua da Neve, gostam de ir para os lugares altos. Quando meditam, suas mentes podem abrir portas que lhes permitem voar entre os mundos. A sua intuição lhes fala quando elas estão prontas para realizar tais vôos e quando são necessárias, elas voltam. Elas receberam um presente espiritual, que é a habilidade de ensinar os outros, mas elas têm que dominar o assunto estudando ou não conseguirão usar este presente da melhor maneira.

Elas têm uma natureza independente, embora se disponham a ser líderes dos outros em certos momentos. Também tentam se manter fechadas sobre as coisas que estão ocorrendo profundamente no seu âmago, e temem o que pode ocorrer caso se abram para os outros nas suas relações. Neste momento, elas se retirarão da relação mentalmente, se não materialmente. Enquanto elas tendem a ser fechadas sobre seus sentimentos mais profundos, elas aparentam superficialmente estar com o coração aberto. Esta dualidade às vezes pode causar dores reais à elas e aqueles que as amam.

Uma vez que uma pessoa do totem do Alce decidiu-se a realizar algo, será muito difícil fazê-la mudar de idéia. Elas são pessoas determinadas e destemidas, chegando às vezes a serem donas da razão.

O Abeto Negro é a planta totem para as pessoas nascidas na Lua da Neve, é um irmão majestoso da família dos Pinhos, que cresce em muitas regiões dos Estados Unidos. O Abeto Negro pode crescer a mais de 30m de altura. As folhas desta árvore, quando jovens, são aromáticas, podendo ser modiscadas ou usadas para fazer chá contra resfriados. De qualquer modo elas têm um alto nível de vitamina C. O Abeto Negro, foi usado de forma medicinal pelos Nativos Americanos por centenas de anos, como um anti-séptico e para soltar o muco catarral da garganta e do pulmão. Também o aplicavam para limpar cortes e feridas. Seus galhos, assim como os do Salgueiro, também eram usados na estrutura da Sauna Sagrada. Com o Abeto Negro as pessoas nascidas na Lua da Neve, podem aprender como ter um porte majestoso e conseguir equilíbrio e harmonia. Tal como sua árvore, elas podem aprender a ser ao mesmo tempo, suave e forte. Sua força interior sempre lhes permite seguir na direção certa e conduzir os outros por este mesmo caminho. Como têm uma sensação inata de justiça, sempre tentarão lutar contra a injustiça. Com o seu poder intuitivo, elas podem ver os corações dos outros e os ajudarem a se desvencilhar de qualquer laço duro e traumático.

A Obsidiana Negra é o totem mineral dos nascidos durante a Lua da Neve. Ela normalmente é brilhante e translúcida. É dura e afiada como uma lâmina ao longo de suas extremidades e deve ser sempre manejada cuidadosamente. Por isto ela também é conhecida como vidro vulcânico.

A Obsidiana Negra foi durante muito tempo usada pelos Nativos Americanos. Os Maias fabricavam com ela espelhos e jóias extremamente belas, também a esculpiam em estátuas e outras peças decorativas.

Por causa de sua origem profunda, a Obsidiana Negra tem o poder de trazer para as pessoas a energia da Terra, retirada de dentro do coração da Mãe Terra, e ensina os nascidos na Lua da Neve como respeitar e usar esta energia de maneira equilibrada. A Obsidiana Negra tem ainda o poder de refletir os pensamentos de outra pessoa para aquele que a estiver manuseando, como um tipo de clarividência canalizada pela pedra. Por causa disso, a Obsidiana Negra foi frequentemente usada como bola de cristal, permitindo às pessoas verem o futuro. Ela também tem o poder de proteger quem a usa contra as possessões de espíritos malignos.

Ao usar a Obsidiana Negra, as pessoas nascidas na Lua da Neve, nos seus processos de desenvolvimento, podem refletir para os outros o que está se passando com elas internamente. Quando se encontram num estágio de desenvolvimento elevado, assim como sua pedra, têm a habilidade para ser clarividentes e também de proteger aqueles que estão ao lado delas de qualquer perigo, sem que eles percebam, tanto no nível material como no espiritual.

A cor associada aos nascidos na Lua da Neve, é o Preto, que à noite cai como um manto sobre a Mãe Terra. Este manto Preto é o tempo no qual as coisas estão no seu estado natural, quando todos se rendem ao período de introspecção da noite. Esta cor lhes dá o poder de permitirem-se compreender e escutar sua intuição, sua sabedoria interna, que guia suas vidas pela Boa Estrada Vermelha. É o tempo que elas têm para olhar para dentro de si e conseguir as respostas para as suas perguntas. Para os Nativos Americanos, o Preto é uma das cores sagradas, ele significa a força e a introspecção de Mudjekeewis, o Guardião do Oeste. Para eles, o Preto é uma cor de aprendizagem e não de negatividade.

Quando as pessoas nascidas em outras Luas viajam pela Lua da Neve na Roda Medicinal, elas podem aprender mais sobre sua própria introspecção e seus poderes de clarividência, bem como sobre sua real natureza e habilidade para compartilhar as lições que a sua jornada ao redor da Roda Sagrada lhes ensinou.

As pessoas nascidas na Lua da Neve são compatíveis com os outros membros do Clã do Pássaro Trovão – o Falcão Vermelho e o Esturjão, como também com os do Clã da Borboleta – a Lontra, o Cervo e o Corvo. Elas combinam muito bem com as pessoas do totem do Cervo, afinal são da mesma família.

Fonte: Lobos do Cerrado

Sun Bear - Ojibwa Medicine Man (1929 – 1992)



                
“Sun Bear nasceu em 1929 na Reserva de Terra Branca, em Minnesota. Ele foi fundador e Chefe da Medicina da Tribo Urso. Quando era um jovem rapaz, começou a ter visões que pressagiavam o seu desenvolvimento como um homem de medicina e professor. Ele estudou com seus tios, que eram homens de medicina, e continuou durante toda a sua vida a aprender com seus sonhos e visões, bem como com os professores nativos.

Sun Bear tinha um grande coração. Ele era um homem verdadeiramente bom, cuja sinceridade foi tranqüila e despretensiosa. Ele também tinha um grande senso de humor. Eu estava sempre cheio de admiração pela maneira como ele juntava tantas pessoas diferentes e do jeito como ele facilitava oportunidades para as pessoas. Quando ele me convidou para ensinar nos Estados Unidos, foi uma direção inusitada para eu tomar, mas eu sempre mantive o povo indígena em alta conta e agradeci a oportunidade.

Foi através dos ensinamentos de Sun Bear nos Encontros de Roda da Medicina, que eu vim a ser conhecido nos Estados Unidos; e assim tudo de bom que ocorreu na minha vinda para os Estados Unidos, eu devo a ele. Fiquei muito triste com sua morte prematura e espero que a Tribo Urso sempre exista para continuar o trabalho deste Grande Homem no mundo.

Sun Bear sempre tinha tempo para as pessoas e seus problemas, mas ele acreditava em ajudar as pessoas a se ajudarem. Eu o ouvi dizer em várias palestras públicas, que se as pessoas queriam que ele sentisse pena delas, pena elas poderiam encontrar entre shit and syphilis no dicionário, mas que não era isso que ele fornecia. Ele dava apoio para as pessoas que estivessem realmente dispostas a trabalhar a si mesmas. Ele dizia:

- Se as pessoas estão dispostas a se envolver com os ensinamentos, então tudo é possível.

Eu tive várias conversas com Sun Bear sobre este tema e descobrimos que tínhamos muito em comum em termos de trabalhar com pessoas.”

Lama Lineage Ngak’Chang Rinpoche