O Bom e Sagrado Caminho Vermelho

Em nossa caminhada, levando a cura através da medicina da Arte Xamânica a muitos irmãos e irmãs, recebemos inúmeras bênçãos, sejam por palavras, gestos, sorrisos, alegrias, descobertas e a amizade que vamos fortalecendo com cada um que vem compartilhar conosco esta sagrada medicina.

Assim, através da beleza da entrega e do amor incondicional, o Grande Espírito coloca em nosso caminho as bênçãos de receber e compartilhar informações verdadeiras e embasadas no profundo conhecimento das culturas ancestrais espalhadas pelo mundo e pelo tempo, que compartilhamos com todos aqui neste espaço sagrado, por saber que o "Tempo das Nuvens Negras" chegou ao fim e a luz da informação e do conhecimento nativo verdadeiro deve ser transmitido com urgência a todos os buscadores da luz.

Como diz Hotashugmanitu Tanka: "estamos aqui para semear e compartilhar, fazendo brilhar a Roda do Arco Íris neste início do Tempo do Búfalo Branco, trazendo a consciência da totalidade, a paz e a serenidade para os irmãos de todas as cores".

Que assim seja!

Marcelo Caiuã e Bianca Martins


"As palavras não pagam meu povo morto"



Chefe Joseph, foi um dia a Washington e falou com o Grande Chefe Branco, Presidente Hayes:

“Estou cansado de lutar. Todos dizem que são meus amigos e que eu terei justiça, mas enquanto todas essas bocas falam boas palavras, não compreendo porque nada se faz pelo meu povo.

Ouvi falar e falar, mas nada foi feito. As boas palavras não servem para nada se não conduzirem a qualquer coisa. As palavras não pagam meu povo morto. Não pagam as minhas terras, agora tomadas pelos brancos. Não pagam meus cavalos roubados e os búfalos exterminados.

As boas palavras não me devolvem os meus filhos. As boas palavras não farão boas as promessas do vosso chefe de guerra, o general Miles. As boas palavras darão saúde ao meu povo doente, nem evitarão que morram.

As boas palavras não darão ao meu povo um lar onde eles possam viver em paz e tomar conta dele próprio. Estou cansado de palavras que não conduzem a nada. O meu coração adoece quando recordo as boas palavras e todas as promessas quebradas.

Houve demasiada conversa por parte de homens que não tinham o direito de falar. Fizeram-se demasiadas conversas evasivas; surgiram demasiados mal entendidos acerca dos índios, entre os homens brancos.

Se o branco quer viver em paz com os índios, pode viver em paz. Não é preciso haver complicações. Tratem todos os homens da mesma forma. Da-lhes a todos a mesma lei. Da-lhes a todos igual possibilidade de viver e crescer... Podeis esperar que os rios corram para trás tanto como que qualquer homem nascido livre se sinta contente preso, e com a liberdade de ir onde quiser negada. Se atam um cavalo à uma estaca, esperam que ele engorde? Se encerram um índio num pequeno troço de terra e o obrigam a ficar ali, ele não ficará contente, nem crescerá ou prosperará. Todos os homens foram feitos pelo mesmo Grande Espírito. São todos irmãos. A terra é a Mãe de toda a gente e toda a gente deve ter os mesmos direitos sobre ela. Apenas peço ao governo para ser tratado como todos os outros homens.

Se eu não posso ir para o meu próprio lar, deixem-me ter um lar onde o meu povo não morra tão depressa. Apenas pedimos uma oportunidade de viver como os outros homens vivem. Pedimos para ser reconhecidos como homens. Deixem-me ser um homem livre, livre para andar, livre para trabalhar, livre para estar onde eu escolher, livre para escolher os meus próprios professores, livre para seguir a religião dos meus pais, livre para falar, pensar e agir por mim próprio, e eu obedecerei a todas as leis e submeter-me-ei a todas as penalidades.”

Great Chief Joseph – Nez Perces